sexta-feira, 24 de junho de 2016

Começo agora uma série sobre as capitais brasileiras.

CAMPO GRANDE - MS (1/27)

José Antônio Pereira partiu das Minas Gerais logo após o final da Guerra do Paraguai, (havia chegado notícias de terras férteis para agropecuária, na região do então "Campo Grande da Vacaria"). E em 21 de junho de 1872 chegou, alojou-se em terras férteis e desabitadas na Serra de Maracaju, entre dois córregos (depois denominados de Segredo e Prosa). Estabeleceu-se ali, e após construir um rancho e formar roça no lugar, regressa a Minas Gerais para buscar sua família. Em 14 de agosto de 1875, José Antônio Pereira retorna com esposa, oito filhos, escravos, além de outros (num total de 62 pessoas). No primeiro rancho, que houvera construído, encontra agora Manoel Vieira de Sousa (Manoel Olivério) e sua família, provenientes de Prata, que assim como ele, foram atraídos pelas notícias dos campos de Vacaria, juntamente com seus irmãos Cândido Vieira de Souza e Joaquim Vieira de Souza, e alguns empregados. As famílias se relacionam e casamentos são feitos, surgindo a primeira geração de “campo-grandenses”. No fim de 1877, José Antônio, cumpre uma promessa feita durante a viagem de retorno e constrói a primeira igrejinha.

A região e a vila se desenvolviam em razão do clima e da privilegiada situação geográfica. Isso atraiu pessoas de outras regiões do país. Depois de cansativas e insistentes reivindicações (também devido a sua posição estratégica, e sendo passagem obrigatória em direção ao extremo sul do Estado, Camapuã ou ao Triângulo Mineiro), o governo estadual promulga a resolução de emancipação da vila e a eleva à condição de município, ao mesmo tempo que passa a se chamar apenas Campo Grande em 26 de agosto de 1899. Torna-se um centro comercial bovino, de onde partiam comitivas conduzindo boiadas para o Triângulo Mineiro e o Paraguai. Em 1900 Manuel da Costa Lima constrói a estrada boiadeira (hoje BR-163), que ligava Campo Grande às barrancas do Paraná. Assim, as boiadas dirigiram-se também para São Paulo, onde desabrochou novo mercado para a região e novas oportunidades para o comércio local, além de intercâmbio cultural. Chega a Campo Grande em 1909 o engenheiro Temístocles Pais de Sousa Brasil, que foi designado pelo Exército para realizar os estudos para a locação e a construção do quartel-general e outros aquartelamentos das Forças Armadas da região de Mato Grosso, além de ser designado para projetar a primeira planta urbana da vila de Campo Grande.

As ideias modernizadoras dos primeiros administradores influenciaram várias áreas, da pecuária ao urbanismo, e foi traçada a zona urbana com avenidas e ruas amplas e arborizadas. É instalada a energia elétrica em 1916 e em 16 de julho de 1918, pelo Decreto nº. 772, o município é elevado à categoria de cidade. De 1921 a 1923, na gestão do intendente Arlindo Andrade, são feitas várias obras urbanas. Outro fator de progresso para o município e para o estado de Mato Grosso foi a chegada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, da RFFSA (atual Novoeste), em 1914, ligando as duas bacias fluviais: Paraná e Paraguai, aos países vizinhos: à Bolívia (via Corumbá) e ao Paraguai (via Ponta Porã). Foi um marco decisivo para o desenvolvimento de Campo Grande, que despontava como uma das mais progressistas cidades no estado de Mato Grosso, superando a então capital estadual Cuiabá.

E em 11 de outubro de 1979, pela Lei Complementar nº 31 (assinada pelo Presidente Ernesto Geisel), Campo Grande passou a ser a capital do recém dividido estado de MATO GROSSO DO SUL (que foi desmembrado do estado de Mato Grosso). Hoje a cidade conta com ruas e avenidas largas e diversos jardins por entre as suas vias, é uma das mais arborizadas do Brasil sendo que 96,3% das casas contam com a sombra de um arvoredo. Apresenta ainda, forte relação com a cultura indígena e suas raízes históricas. Pela cor de sua terra (roxa ou vermelha), recebeu a alcunha de Cidade Morena. Está localizada em uma região de planalto, onde é possível ver os limites da linha do horizonte ao fundo de qualquer paisagem. Está localizada equidistante dos extremos norte, sul, leste e oeste de Mato Grosso do Sul. Possui dimensões e características de uma cidade interiorana, com uma população de cerca de 900 mil habitantes. Segundo pesquisa feita em 2006 pela revista Exame, Campo Grande é a 28ª melhor cidade do Brasil em infraestrutura, fator decisivo na atração de investimentos.

Entre seus moradores encontramos descendentes de espanhóis, italianos, portugueses, japoneses, sírio-libaneses, armênios, paraguaios e bolivianos. A qualidade de vida de Campo Grande acabou atraindo também muitas pessoas de outros estados do Brasil, especialmente dos estados vizinhos (São Paulo, Paraná e Minas Gerais) e do Rio Grande do Sul. Sua cultura pode ser definida em uma só palavra: miscigenação. Um povo acolhedor e trabalhador que não tem medo das adversidades.



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